terça-feira, 22 de setembro de 2009

Guias da moda, publicações e personalidades avaliadores de vinhos.

O nosso objetivo é bastante claro, “aprender esvaziando garrafas e mantendo a amizade com a taça cheia”. Entretanto, aquele que pretende adentrar o vasto mundo dos vinhos precisa, pelo menos, conhecer a existência daqueles que movimentam o mercado atualmente, com seus critérios e formato de notas. Segue a lista:
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Decanter
http://www.decanter.com/ (DEC)

Revista inglesa, editada no Reino Unido e nos Estados Unidos. A Decanter atribui de 50 a100 pontos aos vinhos degustados.
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Gambero Rosso
http://www.gamberorosso.it/ (GR)

Guia de Vinhos da Itália, o mais completo e reputado trabalhos sobre vinhos no mundo. No formato de um pesado livro de capa dura, O Gambero Rosso comenta e pontua a quase totalidade dos vinhos produzidos na Itália, incluindo particularidades de produtores e micro regiões. O Gambero Rosso atribui de 0 a 3 Bicchieri (taças) aos vinhos degustados, e premia com uma Stella (estrela) os produtores que obtiverem por 10 vezes os tre bicchieri em seus vinhos.

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Robert Parker
http://www.erobertparker.com/ (RP)

O Advogado Robert M. Parker Jr. abandonou a carreira quando descobriu que possuía duas apuradas capacidades, a de degustar vinhos com incrível discernimento e a de se lembrar de cada um deles no futuro. Provando milhares de vinhos por ano, Parker tornou-se uma referência mundial que balança o mercado cada vez que emite sua opinião. Robert Parker atribui de 50 a 100 pontos aos vinhos degustados.
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Jancis Robinson
http://www.jancisrobinson.com/ (JR)

A inglesa Jancis Robinson, - detentora do titulo de Master of Wine - tornou-se uma referencia mundial com seu estilo franco, por vezes irônico, de comentar vinhos e seus produtores. Muito séria e totalmente isenta, Jancis publica reportagens, avaliações e notas sobre vinhos de todo mundo em seu organizado e atraente site, onde os interessados podem pagar uma anuidade para ter acesso ao conteúdo completo de suas avaliações de vinhos. Jancis Robinson atribui de 0 a 20 pontos aos vinhos avaliados.
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João Paulo Martins (JP)

Pioneiro na avaliação de vinhos em Portugal, João Paulo Martins edita anualmente seu Guia de Vinhos de Portugal. Com um estilo um pouco polêmico e várias vezes contestado pela comunidade portuguesa, João Paulo comenta os vinhos a cada ano com objetividade às vezes mordaz. João Paulo atribui de 0 a 20 pontos aos vinhos avaliados.
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Revue des Vins de France (RV)

A Revue des Vins atribui notas de 0 a 10 pontos aos vinhos avaliados.
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Veronelli
http://www.veronelli.com/ (VE)

O Guia Veronelli atribui notas de 0 a 100 pontos aos vinhos avaliados.
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Wine Spectator
http://www.winespectator.com/ (WS)

Talvez a publicação mais famosa e reputada do mundo, ao lado da Decanter inglesa, a Wine Spectator publica uma revista de circulação mundial e também vende acesso às áreas exclusivas de seu site, onde milhares de fichas de degustação de vinhos estão disponíveis. Anualmente a WS publica uma relação de vinhos escolhidos, o famoso TOP 100, aguardado pelos enófilos e críticos de todo o mundo. Esse ranking não seleciona os vinhos de melhores notas apenas, mas premia uma conjugação de pontuação + preço + disponibilidade, o que gera premiações (e ausências) surpreendentes. A Wine Spectator atribui notas de 50 a 100 pontos aos vinhos avaliados.
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A Wine and Spirits atribui notas de 50 a 100 pontos aos vinhos avaliados.
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Wine Enthusiast
http://www.wineenthusiast.com/ (WE)

A Wine Enthusiast atribui notas de 50 a 100 pontos aos vinhos avaliados.

EM PÉ OU DEITADO? COMO GUARDAR O VINHO.

Essa questão de conotação até mesmo sexual parece já estar superada pelos apreciadores de vinhos, afinal a grande maioria guarda, invariavelmente, seus vinhos deitados em berço esplêndido – salve Vanusa! Mas será que isso faz mesmo diferença?
Como o interessante é criar polêmica, vale trazer a informação de que estudos da Long Ashton Research Station, na Inglaterra, concluíram que não foi encontrada nenhuma diferença significativa entre vinhos guardados por até dois anos na horizontal e na vertical. Na verdade, os vinhos guardados na vertical exigiram mais esforço para extração da rolha.Não custa divulgar também a lenda de que no Piemonte italiano é prática comum armazenar garrafas de Barolo e Barbaresco na vertical numa área inacessível da adega chamada infernot.

AINDA SOBRE AS ROLHAS – PORQUE NA MAIORIA DOS BONS VINHOS AS ROLHAS TEM MARCAS ? – LÁ ELE 2

A lenda que me pareceu mais interessante diz que as marcas nas rolhas surgiram como um controle de autenticidade. Como forma de dificultar as fraudes crescentes no final do séc. XIX e início do séc. XX os produtores passaram a utilizar rolhas com sinais de identificação.

PORQUE CHEIRAR A ROLHA? – LÁ ELE!

Segundo Matt Kremer – o cara mais citado nesse blog depois do Nego Gil – cheirar a rolha de um vinho não serve pra nada. Se ele está certo ou errado é uma discussão longa demais, mas o cara é taxativo ao dizer que se aprende tanto sobre a qualidade de um vinho cheirando a rolha quanto sobre a qualidade de um sapato cheirando uma meia.
“Um sommelier cheira a rolha para ter o que fazer.”

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

QUINTA DA AVELEDA 2007 – BOM PRA ... SUSHI!


Na minha opinião – que ninguém pediu, eu sei – é possível passar anos tomando bons vinhos a preços acessíveis sem cometer um erro sequer. Basta não arriscar. O sujeito pode simplesmente ficar recorrendo aos produtores e produtos que conhece, além, é claro, de também optar pelas combinações mais tradicionais. O problema é que o medo de arriscar (e errar) embora possa agradar os convidados, tira totalmente a graça da coisa.
Se você tem amigos de verdade eles vão compreender se um dia você der alguma “pedrada”. Quer dizer... lógico que eles vão te sacanear, afinal, esse é o papel dos amigos de verdade!
A diversão da parada é essa. Arriscar, acertar, errar, aprender e dar risada.
Mesmo com essa introdução que mais parece uma justificativa, quero falar de um acerto.
Sábado passado uns amigos foram lá em casa pra fazer comida japonesa e, então, comecei a pensar no que poderíamos comprar pra acompanhar.
Achei então que uma opção poderia ser um vinho verde. Mesmo não tendo lido nada a respeito, resolvi arriscar, afinal, o pior que poderia acontecer era recorrer a umas Stellas e guaraná que já estavam de sobreaviso na geladeira.
Escolhi então o Quinta da Aveleda Reserva 2007 (alvarinho, loureiro e trajadura, +ou- R$ 40,00). Mesmo que nunca tivesse ouvido falar desse vinho, acho que acabaria comprando, afinal, ele é um vinho que sabe se vender. Uma garrafa que chama atenção por ser levemente azulada e em formato alongado e que, de quebra, se orgulha de trazer uma pretensiosa indicação de 92 pontos pela Wine & Spirits.
Na taça ele é extremamente límpido com reflexos esverdeados. Ele realmente chama a atenção pela apresentação.
Um bouquet delicado com algo de maçã.
Na boca é delicado e fresco sem o cansaço de uma doçura excessiva (PORRA ISSO TÁ GAY PRA CARÁLEO, MAS NA MORAL DÊEM UM DESCONTO!! É QUE A PORRA ERA ASSIM MESMO!)
PRA NÃO GERAR POLÊMICA VOU TERMINAR ESSE RELATO DIZENDO QUE É UM VINHO DA PORRA QUE ACOMPANHA BEM PEIXE CRU (SUSHI DE SALMÃO, PRINCIPALMENTE). COM SASHIMI DE ATUM ELE SE APAGA UM POUCO. E TEM QUE SER CRU ESSA PORRA, PORQUE COZINHAR PEIXE É COISA DE MULHERZINHA E DE FRESCO BASTA O VINHO!! TENHO DITO!

*ficha técnica - http://www.aveleda.pt/img/vinhos/24/PTQuintadaAveleda-49715.pdf


domingo, 20 de setembro de 2009

Ferreira 10 anos Quinta do Porto Tawny


Aproveitando as curiosidades enofilosóficas do Nego Gil, especialmente quanto ao antigo modo de produção dos Vinhos do Porto, eis uma bela indicação de um licoroso lusitano produzido às margens do Douro: O 10 Anos Quinta do Porto Tawny. Produzido na Quinta do Douro, uma das propriedades da tradicional Ferreira, a partir de castas selecionadas da região, este vinho é, posteriormente, envelhecido por, nada mais nada menos que, dez anos em cascos de carvalho (ou melhor, em pipas de carvalho), fato que lhe confere uma cor mais acastanhada. O Ferreira 10 Anos Quinta do Porto Tawny apresenta aromas de frutos secos e especiarias e, logicamente, de madeira. O que se apresenta no nariz é uma exata prévia do seu sabor bastante aveludado e macio.

Uma curiosidade: O Vinho do Porto é produzido às margens do rio Douro (região de interior) e levados à cidade de Vila Nova de Gaia para envelhecimento nos barris de carvalho, entretanto, ficou conhecido como Vinho do Porto. Na foto postada acima, temos os barcos rabelos, que, antigamente, faziam o transporte do vinho pelo Douro até Vila Nova de Gaia; a Ponte Dom Luiz I, ao fundo; e, à esquerda, a cidade do Porto. À direita, onde se encontra este que vos fala, está Vila Nova de Gaia.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Jamais misture

Nunca, em nenhuma hipótese, misture coca-cola, gelo ou outra porcaria numa taça de um bom vinho. Se seu paladar é esse, se contente em sentar num "buteco pela porco" e peça um "rabo-de-galo". Você será mais feliz e as pessoas a sua volta, que gostam de vinho, também ficarão mais contentes.

Jogue o chiclete fora

Se alguém lhe oferece uma taça de vinho, jogue o chiclete fora antes de provar - a não ser que seja um Don Bosco, Chalise, Sangue de Boi e o chiclete seja uma estratégia para disfarçar o gosto da porcaria.

Cuidado com os elogios

Se num jantar lhe oferecem um vinho cuidadosamente escolhido e você, após provar, quer elogiá-lo, "pelamordedeus" não diga: "É... nem arranha!". Fale qualquer coisa do tipo: Muito bom, adorei. Só não largue um "nem arranha", porque isso não é elogio que se faça.

Nunca diga que um vinho é tântrico

O vinho tem taninos, por isso ele pode ser TÂNICO. Tântrico é outra coisa. Se você quiser saber mais pode mandar um e-mail para Marta Suplicy, relaxar e... esperar a resposta.

Coisas que você não deve fazer

Sempre que nos reunimos para conversar surgem histórias, quase sempre verídicas, de situações bizarras envolvendo, de algum modo, o hábito de degustar vinhos. Deixar essas pérolas de cultura (semi) inútil se perderem seria um grande erro. Afinal, se temos pouco a contribuir em relação aos vinhos, posso me gabar de que temos muito a compartilhar sobre resenhas de mesa.

Assim, passaremos a publicar esse material na coluna enofilosófica do guru Nego Gil.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

O Porto - curiosidades do Nego Gil

Você sabia que até meados de 1730 o Porto era fortificado com conhaque após a fermentação, o que os tornava bem diferentes dos atuais em que o conhaque é adicionado durante o processo para interromper a fermentação? Isso resultava em um vinho não tão doce quanto o atual.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Fazenda Macalé 2001 – Castelão e Cabernet Sauvignon – Boca revestida por um guardanapo

Num desses fins de semana resolvi abrir uma das garrafas que trouxe de Portugal. Confesso que estava um tanto quanto mal acostumado com os vinhos lusitanos, haja vista termos experimentado apenas vinhos de ótima qualidade. Entretanto, qual não foi a minha decepção ao beber o Fazenda Macalé 2001. O fato de haver sido o tal vinho premiado com a medalha de ouro no II Concurso de Vinhos da Península de Setúbal, realizado no ano de 2002, bem como eleito o melhor vinho tinto naquele mesmo concurso fez nascer em mim tamanha expectativa que, talvez, não seja ele tão ruim assim. Como dizem, "quanto maior o gigante, maior a queda". Aos olhos apresenta-se púrpuro, entretanto, bastante turvo. A sua falta de complexidade aromática deixa bastante clara a presença de frutos vermelhos e madeira. Quanto ao paladar, o excesso de taninos faz crer que a boca foi revestida po r um guardanapo, possuindo uma irritante persistência - amenizada, apenas, por um bom copo de leite puro. Não posso negar que o conjunto da obra, aliada ao seu nome nada glamoroso, trouxe-me à memória o sorriso de Tião Macalé, aquele concedido ao público após receber a nota zero, precedido do conhecido: Nojento. Tchan!


sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Sasseo 2006 - Masseria Altemura



Retornando, ainda que tardiamente, à análise dos vinhos Italianos que provamos em 19 de agosto, vou passar a opinião do grupo sobre esse tinto de Salento.


Produzido com uvas Primitivo (maiores informações podem ser encontradas no blog da Adriana Grasso, que trata com maestria dos vinhos italianos http://vinhositalianos.blogspot.com/) essa garrafa apresentou-se visualmente interessante em púrpura com tons "acobreados" (contribuição de Eduardo Fialho). Todavia as melhores impressões ficaram só no visual. Vinho de pouco corpo e taninos suaves. Madeira/baunilha e frutas vermelhas predominam. A persistência curta foi comparada - de maneira técnica e sútil, ressalte-se - ao "tesão de mijo". Isso mesmo, aquele que surge geralmente pela manhã e que desaparece rapidamente após a urinada matinal.


No final, foi considerado um vinho agradável e fácil para situações comuns. Bom para ser levado, por exemplo, para jantares com pessoas de gostos variados.

http://www.masseriaaltemura.it/

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

O vinho e a garrafa


Desde que Dom Perignon era vivo que a idéia da garrafa de vidro vedada por uma rolha de cortiça como veículo ideal para a comercialização, armazenamento e mesmo envelhecimento do vinho é dominante no mundo.
Não que se queira atribuir também a ele os louros da criação da fantástica idéia de que os vinhos devem ser engarrafados em vidro. Aliás, ele nem precisa de mais qualquer reconhecimento, afinal, está imortalizado pela história como o homem que deu nome ao vinho espumante mais conhecido e desejado no globo.
A verdade é que esse absurdamente feliz e duradouro casamento entre o vidro e o vinho – retificando, trata-se de um triangulo amoroso, afinal não podemos esquecer que a sugestiva rolha de cortiça se introduz na relação, lá ele! –, criou a plena convicção de que não existe outro recipiente possível para armazenar a bebida dionisíaca. Porém, há provas históricas incontestáveis de que o vinho precede a garrafa de vidro.
Os gregos e depois deles os romanos já se embebedavam aos montes sem nem sonhar em engarrafar em vidro uma gota de vinho sequer. Eles utilizavam os mais diversos recipientes, que eram fechados das formas mais criativas possíveis (couro, tecido, cera – não a de ouvido!).
Toda essa informação, atualmente, só serve como resenha de mesa de bar, se a sua intenção for demonstrar que possui mais cultura superficial e inútil que Jô Soares e sob o sério risco de que seus amigos te apelidem de Gilberto Gil dos vinhos.
O que eu estou tentando justificar é algo que é pouco justificável, porém que já é uma realidade: os vinhos vendidos em bag-in-box (aquelas caixas de 3 litros com torneirinha)
Essa semana, enquanto fazia mercado, passei pelo corredor das bebidas buscando algumas cervejas e acabei foi esbarrando com uma bag-in-box de um vinho português produzido por José Maria da Fonseca (o mesmo do Periquita). O vinho se chamava Montado, 2007. Acabei me rendendo à curiosidade.
Incorporando um pensamento semelhante ao de um cara solteiro em final de festa, tentei deixar de lado a cerimônia e fui esperando encontrar nada mais que um vinho óbvio que, se muito, serviria para uma taça solitária antes de dormir.
Aproveitei que Bernard e Fialho iriam passar lá em casa para abrir um Don Laurindo (Cabernet Sauvignon, 2005) que Bernard trouxe do RS, afinal, amigo é pra dividir as coisas boas e as ruins.
Servimos as taças com o dito Alentejano. Então, qual foi a nossa surpresa?
Surpresa?! Você acha que realmente teria alguma surpresa?! Isso aqui não é comédia romântica não, rapaz! Quer final feliz? Vá ver desenho da Disney! Vinho de caixa é vinho de caixa e acabou. Não tem charme, privilegia-se a quantidade e preço baixo. Quando muito, serve para uma taça solitária antes de dormir.
Vinho bom vem em garrafa de vidro e - digo mais - fechado com cortiça.