segunda-feira, 26 de outubro de 2009

A Quinta de Gomariz e a Serpente de Cabelos
















Entre os habitantes de Sequeiró, local onde é produzido o Vinho Verde postado abaixo, é passada, de pai para filho, uma narrativa fantástica que associa a ficção e a realidade.


Acreditava-se que, pelos arredores do Pinheiro-torto, Trás-da-cerca e das bouças da Quinta de Gomariz (quinta que dá nome àquele vinho) aparecia uma serpente com cabelos negros que habitava as velhas minas que tinham ligação com o mosteiro de Landim (foto acima), em busca dos Vinhos dali.


À primeira vista soa muito estranho esta estória que traz em seu bojo uma serpente de cabelos zanzando por Trás-da-cerca e pelo pau torto (quis dizer, Pinheiro-torto).


Neste ponto tenho certeza que vocês já estão se perguntando: que merda é essa que Fialho quer dizer? Será que tem algo a ver com o Vinho postado abaixo além da referência à Quinta de Gomariz?


Vejam. A realidade nesta estória está nos locais nela apontados que, realmente, existem. Entretanto, o significado da ficção criada em torno da “serpente de cabelo” que aparecia “em busca do vinho” (que pode ser o postado abaixo) é que valeu a pena desvendar.


E a resposta, meu amigos, sobre quem desejava tanto aquele vinho, encontrei em Cruz e Souza, poeta brasileiro precursor do simbolismo:


Serpente de Cabelos


A tua trança negra e desmanchada
Por sobre o corpo nu, torso inteiriço,
Claro, radiante de esplendor e viço,
Ah! lembra a noite de astros apagada.

Luxúria deslumbrante e aveludada
Através desse mármore maciço
Da carne, o meu olhar nela espreguiço
Felinamente, nessa trance ondeada.

E fico absorto, num torpor de coma,
Na sensação narcótica do aroma,
Dentre a vertigem túrbida dos zeros.

És a origem do Mal, és a nervosa
Serpente tentadora e tenebrosa,
Tenebrosa serpente de cabelos!...

Um comentário:

  1. Negão, não podia ser uma aranha cabeluda não? Porra, um vinho com pinheiro torto e cobra cabeluda deve dar uma ressaca horrível!

    ResponderExcluir