quinta-feira, 22 de abril de 2010

Transmudação da “A raposa e a uva” para “O Leão e a uva” - Instrução Normativa nº 1.026 de 16/04/2010.

O Secretário da Receita Federal do Brasil, Otacílio Dantas Cartaxo, no uso das suas atribuições, resolveu editar, no último dia 16 de abril, a Instrução Normativa n.º 1.026, publicada no Diário Oficial da União de 19 de abril p.p.

E o que isto tem a ver com este blog, que tenta tratar de vinhos e agora aventura-se a dar dicas de viagens tão instigantes? Simples. A referida Instrução Normativa trata da sujeição dos vinhos, nacionais e importados, ao selo de controle da Receita Federal.

A partir do dia 1º de novembro deste ano, todos os fabricantes nacionais e importadores de vinho deverão selar as suas garrafas, assim como se dá com fabricantes e importadores de outras bebidas alcoólicas classificadas como “quentes”, a exemplo dos Whiskys, Vodkas e Cachaças.

Já os restaurantes, revendedores em atacado e varejistas estarão obrigados a vender apenas garrafas seladas a partir do dia 1º de Julho de 2011.

Segundo o secretário, a “fábula” medida visa, sobretudo, frear o aumento do comércio ilegal e coibir praticas ilícitas no setor, com reflexos, inclusive, no aumento da arrecadação (como sempre.).

Questionado sobre o possível aumento no preço dos vinhos, o secretário disse não acreditar no aumento em função da selagem, pois o custo dos selos (com previsão de R$ 0,02 cada, num lote de 50.000) fornecidos pela Casa da Moeda será abatido do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

É esperar para ver.

O fato a se comemorar – com bastante vinho, diga-se de passagem – é a expansão do setor, ao ponto de chamar a atenção do Leão, que, tal qual a raposa, desdenhou, mas agora quer “cobrar”.


quarta-feira, 14 de abril de 2010

A safra de 2007 do Douro

De acordo com os especialistas, a safra de 2007 do Douro rendeu vinhos classificados tecnicamente, ao menos na Bahia, como: Miserê! O que traduzindo para o restante do inculto Brasil: do Caraleo!!
Isso já se reflete, por exemplo, nas avaliações de alguns Vinhos do Porto. A revista Adega divulgou uma pequena lista que achei interessante repassar:
-Dow’s Vintage 2007 – 94 pontos
-Fonseca Vintage 2007 – 95 pontos
-Granham’s Vintage Port 2007 – 95 pontos
-Nierpoort Vintage 2007 – 96 pontos
-Taylor’s Vintage 2007 – 97 pontos
Enfim: como pelo simples fato de ficarem famosinhos vai fazer com que os preços desses vinhos cheguem a sifras que pesariam no meu reduzido orçamento, quem quiser me mandar uma garrafa, eu juro que provo e coloco minha opinião pessoal aqui no blog.

AS "DO’S" GERARAM UMA "DR": AS DENOMINAÇÕES DE ORIGEM AJUDAM OU ATRAPALHAM?

Há poucos dias, eu, Fialho e Rogério estavamos discutindo a questão da Denominação de Origem Vale dos Vinhedos, regulamentada agora para 2010 e acabamos filosofando um pouco sobre a importância (ou prejuízo) da fixação dos chamados sistemas de indicação da origem geográfica dos vinhos. Para os que não sabem, desde que Portugal vende vinho pra a Inglaterra, naquela velha história que a gente aprende na escola sobre como os Ingleses foram espertos e os portugueses foram bobões, o controle da origem da produção dos vinhos existe. O Vinho do Porto, inclusive, é do Porto porque é feito no... Porto? Claro que não imbecil! Ele é feito no Douro e envelhecido em Vila Nova de Gaia! Ora pois! Mas, deixando a estranha lógica lusitana de lado, ele é chamado de Porto como uma forma de controle da origem.
O fato é que atualmente os vinhos com origem controlada imperam entre os vinhos de qualidade e realmente ajudam o consumidor. Ao comprar um vinho de Denominação de Origem Controlada, o consumidor sabe em que região, com que uvas e mesmo o método de produção utilizado.
Mas isso não significa que o sistema é perfeito.
Um exemplo claro dos problemas que a denominação de origem pode criar foi o ocorrido com os Supertoscanos. Nome ridículo que por sinal, deve ser mais uma ridícula invenção americana.
Quando produtores da Toscana resolveram inovar, o que significou fugir as regras impostas pelo controle da denominação de origem, por mais que o vinho produzido fosse bom, ele não pôde receber a denominação da origem, pois não respeitava as castas fixadas para a região. Foram eles então classificados como Vin di Tavola. Isso mesmo vinho de mesa!
Dito isso, estendo a discussão aos nossos TRÊS fieis leitores: O que vocês acham da AS DENOMINAÇÕES DE ORIGEM AJUDAM OU ATRAPALHAM?

sexta-feira, 9 de abril de 2010

IL CHIANTI E A FONTANA DI TREVI



Você vai a Roma? Então vou te pedir uma coisa. Depois de visitar a Fontana de Trevi, ande alguns metros numa rua que fica a direita de quem está olhando para a Fontana. Lá fica a enoteca e restaurante Il Chianti. Entre e peça um Agnelo com batatas e uma garrafa de Sassoalloro (de Jacopo Biondi Santi).
A sobremesa fica a seu critério.
Para finalizar, entretanto, não esqueça o Vin Santo com cantucci.
Mas porque fazer esse pedido para todos os meus amigos que me contam que pretendem ir a Roma? Afinal, Roma é uma cidade com tantos atrativos tão mais famosos e festejados: Coliseu, Forum Romano até mesmo o Vaticano!
Ora! Justamente por isso. Se você for até Roma, qualquer outro programa certamente valerá a pena. Roma vale a pena sempre. Qualquer outra dica que eu desse aos meus amigos de verdade não seria mais que uma impessoal e óbvia recomendação presente em qualquer guia de viagens. O Il Chianti não. Esse é um lugar que eu realmente gostaria de compartilhar com vocês. Não é simplesmente um restaurante: é uma enoteca. Por outro lado, não é só uma enoteca: é um restaurante.
Se eu voltar em Roma 10 vezes, acho que comerei 10 agnelos e beberei 10 Sassoaloros. O quê de mais genuíno eu, como amigo, poderia indicar?
Para finalizar, algumas considerações mais diretas:
Sobre o Agnelo, uma palavra: coma! (lá ele);
Sobre o Sassoaloro, o nome do pai: Jacopo Biondi Santi;
Sobre o Vin Santo: é Santo;
Sobre o Cantucci: sem Vin Santo é duro;
Sobre a Fontana de Trevi: vá em todos os horários e sempre com quem você ama;
Sobre Roma: vá ao menos uma vez na vida.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Adaga - Cave de Pedra - Marselan 2006 - filho de cabernet com granache


Fazendo uma breve pausa nos relatos da Itália, vale a pena abrir espaço para mais um nacional. Esse vinho foi trazido por Fialho diretamente do Vale dos Vinhedos e foi aberto ontem.
Ainda não havia provado nenhum vinho feito com a Marselan, o que já tornou a experiência interessante, afinal, sabíamos que terminaríamos a garrafa um pouco menos ignorantes em matéria de vinhos.
A uva Marselan nasceu de um cruzamento da Cabernet Sauvignon e da Granache Preto. Quem é o pai e quem é a mãe, já é uma questão mais complicada.
Não sei se é em razão do nome Adaga, mas o fato é que os aromas desse vinho se apresentam realmente fatiados, em camadas. Primeiro: frutas vermelhas. Pouco tempo de taça e surge um claro aroma animal (que lembrou muito o VVV Malbec), depois algo claramente cítrico e, já no final de taça, aromas da barrica a exemplo do bom e velho caramelo.
Não precisa nem dizer que é um vinho muito agradável ao nariz.
Aos olhos se apresentou rubi límpido e com alos de evolução.
Taninos marcantes, bom corpo, mas a persistência certamente não foi um ponto forte.
É um vinho que claramente se modifica e melhora na taça. Quem tiver a oportunidade deve experimentar.